Cada processo possui seus objetivos, pessoas envolvidas, cenários e uma série de influências envolvidas, tornando-os únicos e padronizados. Porém, a pergunta que devemos fazer é: a melhoria aplicada com sucesso em um processo, se, aplicado da mesma forma em outro processo trará resultado? Se essas melhorias forem únicas, podemos denomina-las como projeto de melhoria contínua de processos? Essa é a reflexão que faremos.
Imaginemos o seguinte cenário:
O gerente de vendas de uma determinada empresa ao fazer uma análise do market share identifica que está perdendo mercado devido a entrada de uma concorrente estrangeira com um produto de qualidade equiparável, uma praça menor porém em constante crescimento e um preço menor. Ao estudar a tendência de vendas, verifica que caso a sua empresa não consiga reduzir, nos próximos 3 meses, o preço final do seu produto será expulsa do mercado. Em reunião com os diretores da empresa o problema é explorado e expõem e que não existe capital disponível para investimento em novas tecnologias, porém, ao analisarem a produção percebem que existe uma oportunidade na diminuição de perdas do processo produtivo que permitiria uma redução próxima de vinte porcento do seu custo produtivo e assim, atingindo a meta de preço.
Como solução do cenário anterior será necessário melhorar o processo produtivo dessa empresa e para isso não podemos utilizar de um processo de melhoria, mas sim um projeto de melhoria continua. Mas…como assim um projeto de melhoria continua?
Vejamos a seguir o conceito das palavras processo e projeto:
- Processo segundo VILLELA C.(2000) Processo são atividades ordenadas, que transformam inputs em outputs, no intuito de disponibilizar um produto ou serviço. Para Salgado (2005) “processo é um conceito fundamental no projeto dos meios pelos quais uma empresa pretende produzir e entregar seus produtos e serviços aos seus clientes”.
- Projeto segundo MENEZES L(2006) “Projeto é um empreendimento com características próprias, tendo princípio e fim, conduzido por pessoas, para atingir metas estabelecidas dentro dos parâmetros de prazo, custo e especificações.”
Sendo assim um processo é desenvolvido para ser repetido infinitas vezes e obter sempre o mesmo resultado, com um desvio aceitável, e um projeto é sempre algo único, ainda que com o mesmo resultado a ser apresentado mas com cenários únicos, recursos sempre diferentes e maneiras diferentes de ser realizado.
Agora que sabemos as diferenças entre um projeto e um processo, vejamos se um “processo” de melhoria continua possui todos os requisitos de um projeto:
- É finito. Sim e pode apresentar várias razões, como: atingimento do objetivo, falta de recursos para continuidade do projeto ou não existir interesse na continuidade daquela melhoria;
- Consome Recursos. Sim, é necessário minimamente o tempo de todos os envolvidos e em uma indústria, tempo é igual a dinheiro;
- Tem que ser planejado e é elaborado progressivamente. Sim, um projeto de melhoria contínua precisa de uma série de orçamentos, disponibilidade de pessoas e coleta de dados, principalmente para saber onde estão as maiores oportunidades de melhoria;
- É gerenciado por pessoas. Sim, pessoas são o que tornam industrias com o mesmo maquinário e processos padronizados entregarem resultados diferentes;
- É probabilístico. Apesar da análise bem detalhada dos dados e das oportunidades definidas, não é possível saber exatamente qual será o ganho de produtividade após a implementação das melhorias;
- Coexiste com outros projetos. Sim, na empresa existem vários indivíduos apresentando suas oportunidades de melhoria e solicitando investimentos em suas áreas;
- É único. Sim, ainda que os processos a serem melhorados sejam os mesmos as pessoas envolvidas não são, dando a cada processo a sua particularidade.


Sendo assim, podemos refletir que é possível classificarmos o processo de melhoria contínua como um Projeto de melhoria contínua.
E você, caro leitor, possui um ponto de vista diferente? Alguma observação a acrescentar? Compartilhe conosco através de seu comentário.
Referências Bibliográficas:
MENEZES, LC de M. Gestão de projetos. Catho, 2006.
SALGADO, Eduardo Gomes. Mapeamento dos processos em serviços: estudo de caso em duas pequenas empresas da área de saúde. 2005. <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2005_enegep0207_0556.pdf> Acesso em: 04 Agosto 2017.
Sellos L., Saber a definição do que é um Projeto é importante? <https://uvagp.wordpress.com/2017/01/23/saber-a-definicao-do-que-e-um-projeto-e-importante/> Acesso em: 29 Agosto de 2017.
Fragoso S, Os 4 Ps do Marketing <http://administracaoesucesso.com/2012/02/24/os-4-ps-do-marketing/> Acesso em: 04 Setembro de 2017.
VILLELA, Cristiane da Silva Santos et al. Mapeamento de processos como ferramenta de reestruturação e aprendizado organizacional. 2000. <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/78638/171890.pdf?sequence=1&isAllowed=y> Acesso em: 31 Agosto de 2017.
13 de setembro de 2017 at 13:24
Gabriel, muito legal o fato de encarar o processo de melhoria contínua na empresa como um projeto.
Esse é um assunto que me interessa muito e acho que nesse caso, áreas como “gestão de projetos” e “qualidade” podem e devem se unir para tocar este projeto.
Parabéns pelo post
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